
Economia Circular: de meta ambiental a estratégia de negócio
Reciclar uma tonelada de material evita 2,059 tCO₂e, mas o Brasil ainda recicla pouco. Redesenhar embalagens e integrar a cadeia são passos-chave para fechar o ciclo e gerar valor.
A economia circular deixou de ser um conceito aspiracional para se tornar uma exigência prática para empresas que querem manter relevância e competitividade. No SP Climate Week 2025, o debate sobre o tema, com destaque para a apresentação da eureciclo em parceria com a Planton, trouxe dados que reforçam seu papel estratégico: para cada tonelada de material reciclado, evitam-se 2,059 toneladas de CO₂ equivalente. Essa métrica, quando aplicada em escala, pode representar ganhos climáticos comparáveis a grandes projetos de energia limpa.
O problema é que, no Brasil, o índice de reciclagem de diversos materiais ainda é baixo, com destaque para embalagens plásticas, cuja taxa efetiva é inferior a 15% no pós-consumo. Isso significa que a maior parte ainda vai para aterros ou lixões, desperdiçando recursos e aumentando emissões. Essa lacuna é uma falha ambiental e econômica: materiais que poderiam gerar receita são tratados como descarte.
Para mudar esse cenário, é preciso agir antes do ponto de descarte. Isso começa no design do produto, adotando embalagens monomateriais ou de fácil separação, que facilitem a reciclagem e reduzam custos de processamento. Modelos de logística reversa, apoiados por tecnologia de rastreamento e crédito de reciclagem, ajudam a garantir que o material coletado seja efetivamente processado e reinserido na cadeia produtiva. O case apresentado pela eureciclo demonstra que, quando há métricas claras e sistemas de compensação bem estruturados, é possível aumentar a taxa de recuperação e mensurar o impacto positivo com precisão.
Outro ponto crítico é a integração da cadeia. Fabricantes, distribuidores, varejo e consumidores precisam estar conectados num fluxo circular, e isso exige acordos setoriais, investimentos em infraestrutura e campanhas de conscientização. Empresas que conseguirem alinhar essas frentes reduzem sua pegada de carbono, criam valor de marca e abrem novas oportunidades de negócio, como o fornecimento de matéria-prima reciclada para outros setores.
A economia circular, quando aplicada com dados e estratégia, é um vetor de inovação. Ela oferece ganhos financeiros, reputacionais e ambientais que se reforçam mutuamente.
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