Matéria publicada em 12/08/2025

Esporte e Sustentabilidade: como transformar paixão em ferramenta de transição climática

O esporte pode ser uma plataforma poderosa para reduzir impactos ambientais e engajar milhões de pessoas. Integrar gestão sustentável e ações de comunicação amplia o alcance da agenda climática.

O futebol é o esporte mais popular do Brasil, mas também é um negócio que movimenta bilhões de reais por ano, com eventos que atraem centenas de milhares de pessoas e demandam grandes volumes de energia, água e recursos materiais. Cada jogo, especialmente em estádios de grande porte, tem uma pegada ambiental que vai muito além da luz acesa no campo: transporte de torcedores, consumo de alimentos e bebidas, geração de resíduos e uso intensivo de água para manutenção.

Hoje, a maioria dos eventos esportivos brasileiros ainda carece de métricas claras sobre seu impacto climático. Isso significa que não há dados consolidados sobre quanto CO₂ é emitido, quanta água é consumida ou qual a taxa real de reciclagem dos resíduos gerados. Sem medir, não é possível melhorar. É nesse ponto que o debate aberto no São Paulo Climate Week 2025, no fórum “Sustentabilidade em Campo”, tocou em uma questão fundamental: como transformar eventos de massa em plataformas de práticas sustentáveis e de comunicação climática?

A solução começa pela gestão operacional. Há exemplos internacionais e nacionais de estádios que migraram para energia solar, implementaram sistemas de captação e reuso de água da chuva e eliminaram plásticos de uso único. Essas medidas reduzem custos e emissões, mas exigem planejamento desde a concepção do evento. Também é essencial repensar a logística: incentivar transporte coletivo, criar ciclovias de acesso e reduzir deslocamentos de longa distância para equipes e fornecedores são estratégias diretas para cortar emissões.

No entanto, a dimensão mais poderosa do esporte está no engajamento. Atletas e clubes têm um alcance de comunicação que governos e ONGs dificilmente conseguem. Quando uma figura pública ligada ao esporte adota uma causa ambiental, isso gera identificação imediata e pode alterar comportamentos em escala. Um jogador incentivando a reciclagem ou o consumo consciente antes de um jogo impacta mais pessoas do que campanhas institucionais de alto orçamento.

Para que isso funcione de forma sistêmica, é necessário criar indicadores e certificações para eventos esportivos sustentáveis no Brasil. Assim como existe o selo LEED para construções verdes, poderia haver um selo para jogos e campeonatos que cumpram metas ambientais claras. Isso daria credibilidade às ações, atrairia patrocinadores alinhados e criaria um padrão para o setor.

Se o futebol e outros esportes assumirem essa agenda, podem se tornar catalisadores da transição climática, associando desempenho esportivo à responsabilidade ambiental. Para empresas, apoiar essa transformação é uma oportunidade de unir visibilidade, propósito e impacto real, posicionando a marca no centro de uma mudança cultural e estrutural.

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