
Oceanos e Clima: o elo invisível da estratégia climática global
Os oceanos regulam o clima e sustentam a vida, mas estão sob ameaça crescente. Protegê-los é estratégico para o futuro ambiental e corporativo.
No imaginário popular, a luta contra as mudanças climáticas costuma ser representada por imagens de florestas tropicais, turbinas eólicas e painéis solares. No entanto, existe um protagonista silencioso e muitas vezes subestimado nessa narrativa: os oceanos. No São Paulo Climate Week 2025, o painel “Oceanos e Clima” revelou com clareza a dimensão desse papel, trazendo à tona uma urgência que vai muito além da agenda ambiental e toca diretamente as estratégias econômicas, sociais e corporativas.
A ciência já demonstrou que os oceanos absorvem aproximadamente um quarto de todo o dióxido de carbono emitido pela atividade humana a cada ano. Além disso, armazenam cerca de 90% do excesso de calor gerado pelo efeito estufa, funcionando como um gigantesco regulador térmico que impede o colapso climático imediato. Essa função, no entanto, não é infinita. Poluição plástica, acidificação e sobrepesca estão corroendo a capacidade de resiliência dos mares, transformando-os de aliados em potenciais amplificadores da crise, caso a degradação siga no ritmo atual.
O debate durante o evento foi contundente ao mostrar que a distância geográfica não isenta empresas e comunidades de responsabilidade. Mesmo em cidades distantes da costa, a gestão inadequada de resíduos e efluentes tem conexão direta com a saúde dos oceanos. O que é produzido, transportado e descartado em centros urbanos pode percorrer rios e bacias hidrográficas até atingir o mar, carregando consigo poluentes que comprometem ecossistemas inteiros. Essa relação, que muitas vezes passa despercebida, foi tratada como um ponto central para repensar o papel das organizações na agenda oceânica.
Os especialistas também enfatizaram que preservar os oceanos não é um custo, mas um investimento estratégico. Projetos de restauração de manguezais, por exemplo, não apenas recuperam biodiversidade e protegem comunidades costeiras contra eventos extremos, como também atuam como poderosos sumidouros de carbono, reforçando metas corporativas de descarbonização. A economia azul, termo cada vez mais presente em fóruns internacionais, desponta como campo fértil para inovação e desenvolvimento de negócios, indo de tecnologias para limpeza e monitoramento até novos modelos de produção e transporte marítimo com baixas emissões.
Para as empresas, a mensagem é inequívoca: integrar a pauta oceânica às estratégias ESG significa atuar de forma mais ampla, conectando metas de redução de emissões, gestão de resíduos e engajamento comunitário a um objetivo comum. Essa integração é ainda mais relevante em um contexto em que consumidores e investidores estão atentos não apenas ao que as marcas produzem, mas ao impacto indireto que geram em toda a cadeia. Proteger os oceanos, portanto, não é apenas preservar um patrimônio natural; é também fortalecer a reputação, ampliar oportunidades e garantir resiliência diante de um cenário climático instável.
Ao final do painel, ficou claro que falar sobre oceanos e clima não é uma questão setorial, restrita a empresas do setor marítimo ou pesqueiro. Trata-se de um tema transversal, que atravessa logística, indústria, varejo, serviços e agricultura. O convite feito aos presentes foi para que cada organização identificasse suas conexões com esse ecossistema e assumisse compromissos reais e mensuráveis para preservá-lo.
A Planton acredita que estratégias climáticas eficazes começam com dados precisos e ações coordenadas. Apoiar iniciativas que protejam e restaurem os oceanos é parte fundamental dessa jornada.
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